O cuiabano tem a mania de dizer: "quem bejô bejô, quem num bejô num beja mais". É coisa de final de festa, tal e qual as emendas parlamentares que são endereçadas aos municípios, estas que só acontecem de quatro em quatro anos, justamente quando os parlamentares vão à reeleição. Isso tem chamado à atenção de todos e coloca em xeque os caminhos pelos quais essas emendas passam para, só desaguar quando é hora de tentar a reeleição.
Com o Ministério Público (federal e estadual), a Controladoria Geral da União, os tribunais de contas (do estado e da União), as Ong’s Moral, Transparência Brasil, enfim, uma gente especializada de olho nos caminhos do dinheiro público e ainda assim reina essa dúvida sobre o período certo das emendas dos deputados chegarem ao seu destino final, somente em períodos pré-eleitorais. É intrigante esse fenômeno da pororoca política, quando emendas e eleições se cruzam, criando um clima de êxtase nos municípios com a possibilidade da chegada de melhorias.
Nesse mesmo ritmo e no caudal da política, crescem os patrimônios dos políticos e de modestos funcionários públicos passam a ostentar fortunas e amealhar patrimônios vultosos, adquirem avião, fazendas, sítios, chácaras e partem ávidos para investimentos imobiliários, via de regra, até viabilizam emendas que pavimentem os caminhos que levam aos seus empreendimentos. Não aguça a curiosidade dos simples mortais, esse passar de águas pelos rios da política?
Já se ouviu comentários de que um deputado abusado chegou a propor emenda de R$ 100.000,00 a um município, mas, apenas R$ 10.000,00 é que de fato ficariam para o erário municipal. Em Nobres, é comum se destinar emendas de R$ 150.000,00 mas só chegam R$ 100.000,00 e no máximo 130 mil reais para ser utilizado em obras. E tem parlamentar que humilha ao afirmar: "se quiser bem, se não quiser há quem queira em outro lugar".
Definitivamente, esse é o País dos sonhos, ao menos daqueles que tem a política como o melhor canal de investimento. Ganhar uma eleição é difícil, tanto quanto a Unidos da Tijuca possa dizer sobre a conquista do Carnaval Carioca, recentemente.
O político, juvenil ou adulto, adota a tática de vencer com os amigos e de governar com os inimigos, e quando chega ao poder, é como casar com namorada bonita e adotar a família dela. Em outras palavras, começam a aparecer parentes, amigos e apaniguados de outras plagas para usufruir do poder conquistado com o trabalho dos amigos. Uma vez no poder, gosta de contatos com empreiteiros e se deixa levar pelas águas mansas das benesses que o poder oferece, aceitando até viagens pagas por empreiteiros, quando não pagam até pensão alimentícia para o político (ver caso de Renan Calheiros e a filha bastarda com uma jornalista).
Mas, voltando ao nosso manso regaço, que corta as campinas... continua a intrigante dúvida sobre as emendas de deputados, que só "chovem" em ano eleitoral. Tem deputado que não aceita barganha em emendas de menos de 30% do valor total, segundo contam por aí. Deputados são donos de jornais, de rádios, de canais de televisão, enfim, controlam a opinião pública e fazem do populacho massa de manobra.
Os que não fazem isso, não permitem que a liberdade de expressão seja uma forma de indignação daqueles inconformados.
Bem, isso vai continuar intrigando e queimando os poucos neurônios daqueles simples mortais, atirados às masmorras pela classe mais privilegiada da sociedade, os políticos, que se locupletam com o dinheiro do povo e ainda são aplaudidos.
Aviso aos navegantes sobre emendas parlamentares: "quem bejô bejô, quem num bejô num beja mais". 10%, 20%, 30% e até 40% seriam retidos das emendas e ninguém vê, segundo contam em rodas de cachaçadas.